terça-feira, 21 de agosto de 2012

Idiotas!


Os idiotas, nascidos no meio da idiotice, acham-se suficientemente idiotas para acharem que os outros são tão idiotas quanto eles e os querem ouvir. Os idiotas apontam-nos os dedos e riem-se de nós como se a idiotice fosse contagiosa.

Um tipo de idiotas ignoram os direitos dos outros, mandam-nos à merda e fazem piretes. Alguns elementos desta espécie sentam-se nos lugares reservados para as grávidas e gozam maliciosamente com velhinhos. Olham para nós do alto do seu trono e pensam em como nós somos idiotas. Porque o somos. Literalmente, somos uns idiotas chapados. Quando um idiota agride alguém moralmente e não é punido pela sociedade e pela falta de ausência de idiotice paterna, porque não continuar o seu comportamento? Isso sim, seria idiota.

Outra qualidade arraçados da idiotice somos nós que deixamos os idiotas falar e até pensar. Idiotas somos nós que os ouvimos uma e outra vez e não nos sentimos livres o suficiente para tirar do bolso a nossa sinceridade e dizer: Que idiota! E ouvimos, e sorrimos até, aumentando o grau de idiotice ao contexto.

E depois há aqueles dias idiotas que nos sentimos fartos e ficamos vulneráveis à idiotice que tresanda em todo o nosso redor e nos pomos a escrever idiotices… O mundo não precisa de vocês, idiotas!




quinta-feira, 31 de maio de 2012

The Republic





Mulheres vestidas apenas com adornos, homens que durante a sua refeição olham para elas, frágeis, suas. Espada sangrenta, gritos de dor, gritos de desespero, gritos de prazer e silêncio daqueles que não têm direito a sentir. Uma orgia de escravos, Dominus e mentes onde apenas a imaginação tem limite. Um mundo onde matar uma pessoa é um ato praticado sem qualquer repreensão e à vista de toda uma sociedade, onde fazer sexo num sítio público é como comer uns amendoins com os amigos. Onde um imperador corta um pénis a um escravo para este substituir a esposa que ele assassinara. Um mundo apenas imaginável? Longe da realidade? São apenas acontecimentos comuns que nos levam numa viagem até Roma, até à República. Um tema aborrecido para muitos, fascinante para outros e neutro para a maioria. A derradeira verdade é que após séries e documentários bebidos sofregamente, o meu coração bate mais forte cada vez que me entranho nesse lugar único.

Os pensamentos, a minha palpitação divide-se entre o medo de pertencer a tal povo e a ansiedade de viver da adrenalina que corre, sabendo que um pequeno movimento infeliz pode acabar com a vida, mas mesmo assim, arriscar. Aliás, arriscar é a pedra basilar desta sociedade. Da República corrupta, até aos imperadores corruptos, aos senadores mestres da corrupção até um povo sangrento e sem respeito pela vida humana, toda esta envolvência me envolve e me faz ter um desejo ardente de espreitar um pouco a sua realidade. Impossível claro, pelo menos com substâncias legais, mas confesso que fecho os olhos e tento imaginar… O poder, a escravatura, a inteligência, os vestidos ou a falta deles. A beleza da nobreza e a brutalidade dos plebeus. A vontade de mandar, a vontade de trair, a vontade carnal…

O nosso desejo que pode ser satisfeito a qualquer momento, ou sermos nós próprios a fonte de tanto anseio e a obrigação de o apagar. Tudo depende do berço. Sermos comandados, ou comandarmos. E sangue, e sexo, e brutalidade e ambição, tudo em jogo em cima da mesa, tal como os dados que os entretinham. Podiam viver menos, mas cada dia era vivido, era intenso, e acima de tudo, podia ser o último. Pior do que hoje em dia? Depende do estatuto, claro. Mas tenho pena de não ter a oportunidade de espreitar esse universo dono do planeta onde a loucura era livre e podia ser vivida, saboreada e levada a extremos… Onde o louco era são.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Carinho é para quem merece...


E sinto, fujo e corro, pois não quero voltar. E dentro de mim ela morre, lentamente. O que era antes jamais voltará e rio do meu próprio funeral, deito uma flor em cima do caixão. Morro alegremente, pois não ficam saudades. Estico a mão porque não quero ficar lá, na terra. É a dor, a tentar sobreviver. Piso-a. Esborracho-a debaixo do meu salto alto e sorrio. Vais morrer, e com o teu fim, com as minhas dúvidas, com o teu decompor lento e fedorento vou deixar cair a pele e nascer. Serás um infeliz infortúnio que, contudo, será lembrado. Foste a base do aprender, os erros cometidos ou as boas ações incompreendidas. Não posso mostrar piedade para comigo mesma. A podridão é comida pelos vermes. E ficas tu, apenas tu. E grito agora. Não de dor, não de prazer. Choro e grito porque estou a nascer. E cada dia que passa o rebentar é mais forte, e aprendo a falar, a comer, a andar… a amar. O cérebro é irrigado com força e vontade. 

Vou ao cemitério fazer-me uma visita. Colho uma flor e olho para a minha própria campa. Obrigada. Sem a tua morte não teria nascido e sem o teu pecado e bondade não teria aprendido. A bondade é algo que deve ser cuidadosamente tratada. A caridade é o ponto fraco do ser humano. São características como estas que nos fazem vacilar perante a sociedade. Ser bom é hoje em dia um defeito. Mais vale enterrar a bondade delicadamente, guardá-la debaixo de terra e apenas exumá-la numa ocasião muito especial. As pessoas que a merecem devem ser preservadas junto com ela, enterradas também para que as possamos proteger e não sofram. O carinho que tantas vezes sentimos e que nunca chega a sair das nossas bocas é um elemento poderoso. Devemos enterra-lo para que não desapareça. Apenas viverá no nosso olhar até à velhice. Porque são pessoas que nos tocam, que são importantes, que sentimos ser únicas. Então guardamos esse sentimento na esperança de que talvez um dia elas compreendam que realmente são marcantes para nós. Aquela que foi mais amada, essa guardaremos bem ao nosso lado, no adormecer e ao acordar, até morrer. Literalmente.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012




Durante demasiado tempo desejei apenas: um fim!
Esse fim parece ter chegado, mas não me lembro como aqui cheguei. Mas cheguei. E sei que cheguei apenas porque à minha volta nada parece fazer sentido.
É bom… tudo à minha volta é bom. Sinto-me bem, sorrio o tempo todo, e é por isso que sei não ser real.
Receio que seja só um sonho, uma partida do meu subconsciente que por qualquer razão te foi buscar… Talvez acorde enquanto escrevo, e por isso talvez nunca acabe de escrever este texto e por isso nunca o lerás.
Se for um sonho quero que termine rápido. É tão bonito… mas será tão cruel quando acordar!
Talvez acorde, me depare com a escuridão do meu quarto, e pense como penso sempre que acordo: “Merda, continuo vivo…”. E quando perceber que o “nós” não é real, não conseguirei voltar a adormecer.
Talvez chore um pouco.
Talvez nem sequer haja nada mais para chorar.
Depois irei ver as tuas fotos e sorrir só para mim. Porque tu nunca farás ideia que este foi o meu sonho, nunca farás ideia que tu e eu nos adoramos na minha realidade alternativa. Se soubesses rir-te-ias só de pensar nisso.

Ou talvez tenha sido finalmente apenas corajoso e tenha dado o passo final. Não me lembro…
Talvez esteja entre a vida e a morte. Talvez tu sejas o meu limbo enquanto luto por perecer. Porque se for esse o caso, é pela morte que luto. Porque se for esse o caso é porque escolhi morrer.
E então agradeço por seres parte do meu limbo. Por seres a essência deste meu bocadinho antes do fim.

Achar-te perfeita suscita gargalhadas em qualquer um… Então não és perfeita. Mas… e se tivesse a possibilidade de alterar algo em ti, o que seria?
Nada.
Isso não faz de ti perfeita pelo menos aos meus olhos?

É melhor terminar antes que acorde deste sonho, ou antes que atinja a tranquilidade eterna.
Mas preciso que o teu eu desta realidade alternativa saiba: Adoro-te!
Adoro-te tanto que sei que te sufoco.
Adoro-te tanto que chega a doer.
Adoro-te tanto que sei que também me adoras.
Preciso dos teus lábios um pouco mais…
Quero-te. E se te tiver, prescindo do resto. Porque contigo não há resto, contigo atinjo a plenitude.
Estar contigo é o erro mais bonito que algum dia cometi…

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Estica os dedos. Não custa nada tentar desapertar os nós, ficar livre. Essa peça branca fica-te bem, fica-me bem. E nem por isso deixamos de esticar. O esforço não é constante, é eterno, e o braço será dramaticamente alongado. Quer soltar-se, ficando preso. 

Puxa braço, puxa. Braço, mente, perna, cabeça, mente, cérebro, mente: puxem, puxem até ao infinito. Alonguem-se para alcançar a sociedade. E aí está ela, correndo: e puxando-te. Abraça os teus irmãos carentes e espertos. 

Em criança sento-me no chão e traço um risco. Primeiro visualizamos a cor branca, pura, depois prolonga-se até ao negro da sujidade. Ficou sujo. O chão. A vida. O fim torna-se encardido rumo ao desconhecido. Agora, adulta, pouso o marcador nos lábios. Que riscar a seguir? 

Levanto-me e volto para o colete-de-forças. Lá tenho a paz. Esticar os braços, querer soltar-me da única realidade conhecida, ser demente. Ou perder o sentido à loucura e ficar, deste modo, louco. Prende-me, prendo-me, para ser livre.