quinta-feira, 31 de maio de 2012

The Republic





Mulheres vestidas apenas com adornos, homens que durante a sua refeição olham para elas, frágeis, suas. Espada sangrenta, gritos de dor, gritos de desespero, gritos de prazer e silêncio daqueles que não têm direito a sentir. Uma orgia de escravos, Dominus e mentes onde apenas a imaginação tem limite. Um mundo onde matar uma pessoa é um ato praticado sem qualquer repreensão e à vista de toda uma sociedade, onde fazer sexo num sítio público é como comer uns amendoins com os amigos. Onde um imperador corta um pénis a um escravo para este substituir a esposa que ele assassinara. Um mundo apenas imaginável? Longe da realidade? São apenas acontecimentos comuns que nos levam numa viagem até Roma, até à República. Um tema aborrecido para muitos, fascinante para outros e neutro para a maioria. A derradeira verdade é que após séries e documentários bebidos sofregamente, o meu coração bate mais forte cada vez que me entranho nesse lugar único.

Os pensamentos, a minha palpitação divide-se entre o medo de pertencer a tal povo e a ansiedade de viver da adrenalina que corre, sabendo que um pequeno movimento infeliz pode acabar com a vida, mas mesmo assim, arriscar. Aliás, arriscar é a pedra basilar desta sociedade. Da República corrupta, até aos imperadores corruptos, aos senadores mestres da corrupção até um povo sangrento e sem respeito pela vida humana, toda esta envolvência me envolve e me faz ter um desejo ardente de espreitar um pouco a sua realidade. Impossível claro, pelo menos com substâncias legais, mas confesso que fecho os olhos e tento imaginar… O poder, a escravatura, a inteligência, os vestidos ou a falta deles. A beleza da nobreza e a brutalidade dos plebeus. A vontade de mandar, a vontade de trair, a vontade carnal…

O nosso desejo que pode ser satisfeito a qualquer momento, ou sermos nós próprios a fonte de tanto anseio e a obrigação de o apagar. Tudo depende do berço. Sermos comandados, ou comandarmos. E sangue, e sexo, e brutalidade e ambição, tudo em jogo em cima da mesa, tal como os dados que os entretinham. Podiam viver menos, mas cada dia era vivido, era intenso, e acima de tudo, podia ser o último. Pior do que hoje em dia? Depende do estatuto, claro. Mas tenho pena de não ter a oportunidade de espreitar esse universo dono do planeta onde a loucura era livre e podia ser vivida, saboreada e levada a extremos… Onde o louco era são.