quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não acredito. Como é que sei que a realidade não é ilusão e que a ilusão não é realidade? O sol está lá, a água corre nos rios, o meu coração bate. Estarei viva? Não pode ser...Coloco a mão no peito,sinto o bater, num ritmo acelerado e irregular. Aumenta de frequência ao se aperceber que afnal contrai. De repente o ontem não existe e o hoje é imprevisível, uma mentira, suspeito. Se fosse realidade alguém me avisaria,certo? Os cães voam, o mundo está em paz eterna, o ser humano é altruísta, o sol ilumina a noite, os  portugueses gostam de ler, eu sorrio, as crianças africanas jogam Wii, o vizinho é simpático, os ricos dão aos pobres (na remota hipótese de que haja pobres), o barco atravessa o deserto, eu sorrio, o FMI é uma anedota, as flores não provocam alergias, eu sorrio, as crianças são adoráveis, o chocolate emagrece, a Mulher caminha em Marte, e aí sim, eu sorrio...

Este mundo nunca foi o meu. Não sei onde pertenço, de onde sou, onde é o meu lugar. Não sei quem pensa como eu, quem sente o que eu sinto, quem pensa no que eu penso. Não sei se o outro me percebe, se sente da mesma maneira. Sei que sorrio.

Respiro. Há quanto tempo não respirava! Os pulmões reclamam, já estavam habituados à apatia. Lentamente sinto o oxigénio a entrar nas células, uma a uma, levanto-me, caminho e corro. Corro para fugir dessa ilusão, mas não estou em condições de competir. Não posso lutar, rendo-me. Essa ilusão, esse sonho apanha-me e eu prazeirosamente desisto. Sinto que estás dentro de mim, afinal ainda existes. E como estou contente que me tenhas encontrado! São os meus dedos, são os meus olhos, é o meu sorriso, posso atrever-me a dizer que sim, sou eu. Abro os olhos e o sonho está à minha frente, o sonho real. E os meus lábios movimentam-se devagarinho, e sorrio...Sê bem vinda Diana...