sábado, 8 de março de 2014

Para quando uma mulher que mija de pé?

Dizem por aí que hoje é dia da mulher. Venho por isso falar sobre essas mulheres com toda a legitimidade já que me considero uma delas.

Venho falar da mulher violada. A mulher violada não se encontra só na esquina da rua sombria. Se olharmos com mais atenção podemos vê-las dentro das suas próprias casas. Na cama do marido. Na cama do pai. De uma maneira geral são aquelas mulheres que servem para descarregar as ânsias de tais seres humanos, que são obrigadas a representar o papel de um puro objecto de descarga de energia. O que dá prazer a esses homens sabendo que a outra pessoa está a morrer por dentro a cada segundo que passa? Só eles podem responder. Para muitos é para isso que a mulher serve. 

Venho falar da mulher obrigada a casar. Sim, porque não se pense que isso já não acontece nos dias de hoje. Até porque "dias de hoje" sofre uma mudança temporal consoante a região que estivermos a falar. Ainda hoje li uma notícia de mulheres cristãs egípcias que são raptadas para que casem com homens pertencentes ao Islão. Conseguem imaginar tal situação? Mas também há mulheres obrigadas a casar porque estão grávidas, sendo a própria família a primeira a pressionar. Mesmo sem ela querer. Mesmo sabendo em tantos casos que vão ser um saco de pancada.

Venho falar da mulher que usa aqueles lençóis pela cabeça abaixo. Quanta vergonha em se ser mulher! Quanta vergonha em se ter um clitóris, fonte de prazer e pecado! O melhor é cortarem-no. Ups, já vim atrasada...

Venho falar da mulher ocidental. Da mulher ocidental da nossa geração. Tantas vezes presa por tradições antigas. Quero aqui destacar aquela mulher que teve liberdade para estudar. Que teve a liberdade para procurar emprego. Que teve liberdade para ter a mesma taxa de ocupação em cargos importantes, mas que não conseguiu. Que sente o machismo na empresa. Quem nunca sentiu?! Que vê um emprego recusado porque está grávda. Como é que achas que tu nasceste ó fiho da puta?! Para quem olham de lado porque fez um aborto. Não estou a dizer que concordo, mas se os homens ficassem grávidos não abortariam quase todos?! A mulher ocidental anda com mini saias, fuma na esplanada, bebe mais que os homens, conduz... Mas ainda falta dar um grande passo para que chegue a maior liberdade de todas: a liberdade da mente. Essa já não depende só dos homens, depende de nós. Temos de parar de nos criticar umas às outras (difícil eu sei!), para que juntas consigamos abrir não as pernas, mas a mente masculina.