quinta-feira, 26 de janeiro de 2012




Durante demasiado tempo desejei apenas: um fim!
Esse fim parece ter chegado, mas não me lembro como aqui cheguei. Mas cheguei. E sei que cheguei apenas porque à minha volta nada parece fazer sentido.
É bom… tudo à minha volta é bom. Sinto-me bem, sorrio o tempo todo, e é por isso que sei não ser real.
Receio que seja só um sonho, uma partida do meu subconsciente que por qualquer razão te foi buscar… Talvez acorde enquanto escrevo, e por isso talvez nunca acabe de escrever este texto e por isso nunca o lerás.
Se for um sonho quero que termine rápido. É tão bonito… mas será tão cruel quando acordar!
Talvez acorde, me depare com a escuridão do meu quarto, e pense como penso sempre que acordo: “Merda, continuo vivo…”. E quando perceber que o “nós” não é real, não conseguirei voltar a adormecer.
Talvez chore um pouco.
Talvez nem sequer haja nada mais para chorar.
Depois irei ver as tuas fotos e sorrir só para mim. Porque tu nunca farás ideia que este foi o meu sonho, nunca farás ideia que tu e eu nos adoramos na minha realidade alternativa. Se soubesses rir-te-ias só de pensar nisso.

Ou talvez tenha sido finalmente apenas corajoso e tenha dado o passo final. Não me lembro…
Talvez esteja entre a vida e a morte. Talvez tu sejas o meu limbo enquanto luto por perecer. Porque se for esse o caso, é pela morte que luto. Porque se for esse o caso é porque escolhi morrer.
E então agradeço por seres parte do meu limbo. Por seres a essência deste meu bocadinho antes do fim.

Achar-te perfeita suscita gargalhadas em qualquer um… Então não és perfeita. Mas… e se tivesse a possibilidade de alterar algo em ti, o que seria?
Nada.
Isso não faz de ti perfeita pelo menos aos meus olhos?

É melhor terminar antes que acorde deste sonho, ou antes que atinja a tranquilidade eterna.
Mas preciso que o teu eu desta realidade alternativa saiba: Adoro-te!
Adoro-te tanto que sei que te sufoco.
Adoro-te tanto que chega a doer.
Adoro-te tanto que sei que também me adoras.
Preciso dos teus lábios um pouco mais…
Quero-te. E se te tiver, prescindo do resto. Porque contigo não há resto, contigo atinjo a plenitude.
Estar contigo é o erro mais bonito que algum dia cometi…

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Estica os dedos. Não custa nada tentar desapertar os nós, ficar livre. Essa peça branca fica-te bem, fica-me bem. E nem por isso deixamos de esticar. O esforço não é constante, é eterno, e o braço será dramaticamente alongado. Quer soltar-se, ficando preso. 

Puxa braço, puxa. Braço, mente, perna, cabeça, mente, cérebro, mente: puxem, puxem até ao infinito. Alonguem-se para alcançar a sociedade. E aí está ela, correndo: e puxando-te. Abraça os teus irmãos carentes e espertos. 

Em criança sento-me no chão e traço um risco. Primeiro visualizamos a cor branca, pura, depois prolonga-se até ao negro da sujidade. Ficou sujo. O chão. A vida. O fim torna-se encardido rumo ao desconhecido. Agora, adulta, pouso o marcador nos lábios. Que riscar a seguir? 

Levanto-me e volto para o colete-de-forças. Lá tenho a paz. Esticar os braços, querer soltar-me da única realidade conhecida, ser demente. Ou perder o sentido à loucura e ficar, deste modo, louco. Prende-me, prendo-me, para ser livre.