quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O que eu penso reflecte-se no espelho do olhar. E penso que é único, meu. Coloco-me no pedestal universal e rio-me da ignorância alheia. O meu coração bate com mais força, o meu nariz ouve a sabedoria eterna e as minhas mãos saboreiam a beleza da perfeição. Procuro alguém que partilhe comigo tal primazia… mas sei que não existe. 


O coração, faminto, cumprimenta o encéfalo e juntos espalham a dor no sangue que corre nas veias, tóxico. E quando tal sucede, mais uma vez, deito-me no pedestal superior, repouso na solidão e na dor. E o meu sofrimento é maior que o teu. E o pedaço de vidro que rasga os miócitos vai mais longe, penetra a alma.
Sei de coisas que tu não sabes. Passei por corridas negras… Negro de escuridão! Como desejei que me invadisses eternamente, no mínimo das eternidades. Vem vento luminoso, abana a minha pele e traz até mim alguém que me fale com os olhos e, mais importante do que isso, que me compreenda…


É assim que pensamos. É assim que sentimos as vibrações do egoísmo não do ser, mas do humano. Porque o senti também. E a minha dor era singular, arrepiante, atraente… Só eu a sentia. E, de repente, percebi que o pesar não me pertence. Deixei-o fugir. Reparti-o pelo mundo e o mundo apagou-me. O singular tornou-se plural e a minha existência comum. Na palavra que mais detesto, comum…


Ser humano é pensar mais alto, na sua alteza e aprender com a vida a subir descendo e a olhar sonhando. Porque os outros sentem e sofrem, só não o demonstram. Nem a tristeza aprendemos a partilhar…